Aprendizagem em Londres

Aprendi a amar Londres, durante as minhas ausências da cidade. Por isso, em cada regresso agora - sim, porque são regressos - há uma forte sensação que nunca cheguei a deixar a cidade. Procuro mergulhar na cidade o mais rapidamente possível para deixar de ser mais uma turista e passar a ser mais uma anónima que vive na greater London. Tenho os meus lugares preferidos, que se situam na área de South Kensington, onde estudei durante três anos e vivi um ano e tal. Quantos percursos foram feitos a pé! O objectivo era 'perder-me' naquelas ruas antigas com casas ora em tijolo vermelho ora pintadas de branco com portas negras; entrar por ruas estreitas e ver pequenas lojas, restaurantes; ouvir pessoas a falarem em diversas línguas; ir aos restaurantes italianos da minha predilecção; experimentar comida tailandesa, indiana e os famosos crepes franceses. Mas, o que mais me atrai nessa cidade que é grande e que é suja, principalmente, nos locais de maior fluxo turístico (e.g. zona de Picadilly Circus) e nas estações de metro, são as lojas de flores. Essas lojas são facilmente identificadas porque ou estão na rua mesmo, por exemplo, numa esquina, ou então as flores da loja vêm até à rua, não ficando inibidas. Aprendi a andar mais devagar ao passar por essas lojas, não só pela profusão de cores mas pelos arranjos florais únicos. Em sítio algum, eu já vi arranjos tão lindos que até parece que as flores, isoladas, não teriam brilho nenhum. Foi namorando estas lojas que aprendi a gostar tanto dos girassóis, aprendi a reconhecer o amarelo vivo no meio das outras flores. Sim, Londres é uma cidade grande e suja mas tem flores lindas como eu nunca vi. E, se o hibisco é a flor da minha infância, pelas doces lembranças que me traz à memória, o girassol é a flor da minha idade adulta.
- Maggs -
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fotografia de Lyn Millett

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