Memórias de uma criança-soldado

Recentemente, li a autobiografia que Ishmael publicou e que deu origem à tal entrevista no Fresh Air. Obviamente, é um livro que descreve os actos violentos que ele testemunhou e que cometeu enquanto soldado. Essa violência é descrita de forma nua e crua mas sem ser sensacionalista porque ela é apresentada sob o olhar de uma criança que tenta tudo para chegar ao fim de cada dia vivo. E nessa luta pela sobrevivência, é necessário abafar todos os sentimentos de boa fé ou de respeito pelo próximo. Ao mesmo tempo, como que para prender o leitor até ao fim não o fazendo desistir perante tamanho desrespeito pela vida humana, ele vai descrevendo as tradições e os valores do seu povo, nomeadamente as suas memórias vivas da infância: o respeito pelos mais velhos - que são os sábios -, o ouvir histórias ao redor da fogueira, os vários momentos que ele passou com a avó que lhe contava como tinha sido a sua cerimónia de nome.
Ishmael Beah fugiu da Serra Leoa, através da Guiné Conacri em 1998, vivendo actualmente na cidade de Nova Iorque.
- Maggs -
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