Bistidu ku florzinhas

Maria era bunitona, como diziam os rapazes do Plateau. Fêmea negra, de pele luzidia mantida com os óleos que as primas lhe mandavam da Merka. Cabelo crespo, cortado bem rente, fazendo sobressair os olhos negros, o nariz afilado e os lábios carnudos, sempre em vermelho-carmin.

Pelos caminhos que percorria, no seu bambolear lento, provocava danos. Os homens quedavam mudos, seguindo com os olhos aquela mulher cheia de vida e de promessas que nunca se cumpriam. As mulheres tentavam mostrar-se indiferentes, desejando que ela caísse finalmente em desgraça. "Essas mulheres acabam sempre da mesma maneira: grávidas de um conquistador fala-barato!".

Mas Maria não queria acabar como as outras. A sua determinação crescia sempre que olhava para a figura da mãe que perdera o viço antes de chegar aos trinta e que aos cinquenta era uma mulher envelhecida, amarga, sem sonhos. Sim, ela iria arranjar um bom moço e iriam para a Merka, buscar vida melhor.

Ainda na lembrança dos homens e mulheres do Plateau, o dia que ela descera a rua principal da cidade no seu vestido de florzinhas que lhe tinham mandado da Merka. O vestido era branco com florzinhas vermelhas do mesmo tom daquele batom que ela usava sempre. Celestino, homem calado e cioso do seu ofício, perdeu o tino e desceu a rua com ela. Não falava mas olhava para Maria insistentemente. Ao chegarem ao fim da rua, Maria estacou, olhou para Celestino, e disparou: "O que queres?". Celestino, sorrindo, levou a mão ao bolso das calças e mostrou-lhe o dinheiro que iria depositar no banco.

- Uma palavra tua! Com este dinheiro e mais o que já juntei no banco, partimos para Merka quando quiseres.




- Maggs -

Comments

Anonymous said…
Bolas amiga
esse poema não é para a tua idade. É meu.
'Quase' é a minha vida.
tu tens tempo para o golpe de asa.
Bjs

Arega e Cª
Maggy said…
Arega & Cª

"Quase" é a vida de todos nós... Há sempre qualquer coisa que poderia ter ido mais além.
Mas não vou deixar de tentar voar!

O nosso jantar?
Um beijo grande!

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