Mais uma vez, era chegada a hora da partida. Grande azáfama e o nervosismo que aumentava porque o táxi não chegava para nos levar ao aeroporto. Depois de uma longa espera, apareceu um e o taxista justificando que era a hora do almoço, i.e. das 13h às 14h "é complicado conseguir um táxi"... Colocámos as duas malas no porta-bagagens, a minha tia e a minha mãe instaladas no banco de trás. Mal fechei a porta traseira do carro, o taxista arrancou. Fiquei especada a ver o carro partir, parando uns cinquenta metros à frente. Caminhei para o táxi e o senhor desdobrou-se em pedidos de desculpas porque não tinha percebido que eu também iria viajar. No banco de trás, a minha tia e a minha mãe numa risada alegre. E eu respondi: "Se calhar, eu é que devo ficar." Como iria viajar na SATA até Boston, a partida seria no terminal 2. Não vou tecer grandes comentários sobre o terminal... Ainda parece um estaleiro de obras em algumas partes e eu não compreendo muito bem a sua finalidad...
Não sabia. Não sabia que existias. Não sabia. Não sabia sequer o que almejavas - para mim -. Mas tu... Mas tu sempre soubeste tudo sobre mim. Quem eu era, quem eu sou. Eu? Eu não sabia nada disso sobre mim. E neste silêncio, nesta quietude, Eis que irrompeste do fundo de mim Livre e triunfante! Sê bem-vinda. Não sabia que existias - em mim -. Sê bem-vinda. Sai da minha sombra. É que não sabia que és a razão pela qual eu existo.
Não chores... Mas se tiveres mesmo de chorar, aninhar-te-ei no meu peito. Aqui, há tantas dores iguais às tuas. Não chores... Mas se tiveres mesmo de chorar, levar-te-ei à beira mar. Ali, há tantas lágrimas iguais às tuas. Não chores... Mas se tiveres mesmo de chorar, chorarei contigo. Bem sabes que as tuas dores são as minhas. Não chores... Mas se tiveres mesmo de chorar, pedir-te-ei para não chorares. É que o mar não é feito só de lágrimas e eu... Eu preciso que me sustenhas para poder então aninhar-te no meu peito.
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