Amanhecer em NY

vista do 31º andar do Millennium UN Hotel
Oiço, frequentemente, dizer que "Deus escreve direito por linhas tortas". Também já ouvi a expressão "Quem desdenha quer comprar". Depois de um fim de semana em NY, começo a acreditar que o meu "exílio" em Omaha deve-se ao facto de um dia ter desdenhado a cidade que nunca dorme.
Passei cerca de cinco horas de uma noite do mês de Abril de 2003 na Little Italy, com um grupo de colegas. Estávamos num workshop em Filadélfia e decidimos ir jantar a NY. Provavelmente, por estar saturada de metrópoles, onde muitas vezes se torna impossível ouvirmo-nos a pensar, odiei a experiência. Odiei aquele alcatrão, o cimento, as ruas sujas, a multidão.
O que dizer deste fim de semana em NY? Qual pessoa que esteve desterrada num lugar inóspito, senti uma alegria imensa com aquele rebuliço e nem a agressidade da condução automóvel me irritou. Que prazer caminhar por ruas cheias de pessoas - cheias de histórias pessoais -. Ouvir excelente música numa estação de metro ou no Central Park - simplesmente, parando, saboreando a música e depois continuar a explorar a cidade. Ir ouvir jazz no Blue Note e simplesmente sentir-me sedenta de novos sons. A artista dessa noite, Rachelle Ferrell, foi estrondosa e a sua risada contagiante - desculpando-se com o jetlag porque a banda tinha chegado de Tóquio - foi inesquecível.
Mas, para mim, o amanhecer em NY é que vai perdurar por muito, muito tempo na minha memória. Tive a sorte e o privilégio de ficar num 31º andar do Millennium UN Hotel, defronte ao edifício das Nações Unidas, permitindo uma vista fantástica da cidade. Quando cheguei ao quarto, na primeira noite, já estava escuro. Ao abrir a porta do quarto, fui por um longo corredor até chegar ao quarto propriamente dito e que visão... janelas enormes, mostravam-me as luzes da cidade. Não tive a coragem de baixar as persianas. O meu quarto estava virado para leste, por isso, era sempre acordada pelos primeiros raios de sol. Ainda sonolenta, levantava-me e ficava à janela um bocado e depois voltava à cama e dormia por mais um bocado, apesar do sol me bater de frente no rosto - mas era isso mesmo que eu queria. Não é o girassol a minha flor favorita?

Há ainda uma outra expressão "Nunca digas desta água não beberei". Desta vez, fui beber à fonte certa e conto ir lá mais vezes saciar a sede.

Comments

Anonymous said…
Que sorte miúda. Não te queixes. Esses momentos dão força para ultrapassar os menos bons, não é?


Saudades



Arega & Cª
Maggy Fragoso said…
Arega & Cª,

Nem imaginas como estes momentos serviram para ultrapassar, sublimar momentos menos bons.
Mas serviram, principalmente, para enriquecer a minha vida interior.

Saudades!

Maggyzinha

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